Tradições, ritos e mudanças que marcam o fim de um papado e o início da espera por um novo líder da Igreja Católica.
A morte de um papa aciona uma série de procedimentos que unem tradição, simbolismo e organização. O primeiro passo é a verificação oficial do óbito, realizada por médicos e confirmada pelo Camerlengo — cardeal responsável por conduzir os trâmites até a eleição de um novo pontífice. Esse cardeal tem a missão de manter a ordem dentro da Igreja nesse período de transição.
O ritual inclui um gesto antigo e simbólico: o Camerlengo se dirige ao corpo do papa e bate três vezes com um pequeno martelo de prata na testa do falecido, pronunciando seu nome de batismo. Após a confirmação, tem início a série de ritos fúnebres e administrativos.
Residência lacrada e proteção do legado
Como medida de segurança e tradição, o apartamento papal é lacrado logo após a morte. Essa prática busca impedir possíveis invasões ou saques e só é desfeita quando o novo papa assume o cargo. Embora a residência oficial seja o Palácio Apostólico, o papa Francisco escolheu viver na Casa Santa Marta, também dentro do Vaticano, e é lá que as mesmas regras se aplicam.
A destruição do Anel do Pescador
Entre os ritos mais emblemáticos está a destruição do Anel do Pescador, símbolo da autoridade do papa e sua ligação com São Pedro, o primeiro pontífice da Igreja. O anel, tradicionalmente usado para selar documentos, é quebrado ao meio pelo Camerlengo diante do colégio de cardeais, simbolizando o fim oficial do papado e prevenindo qualquer uso indevido da peça.
Desde a Idade Média, esse anel era respeitado como um sinal de autoridade apostólica, mas o gesto de beijá-lo caiu em desuso. Em casos excepcionais, como a renúncia do papa Bento XVI, o anel não foi destruído, mas marcado com uma cruz — uma prática chamada rigatura.
Comunicação da morte e início do luto
O Camerlengo também é o responsável por comunicar oficialmente a morte do papa ao Decano do Colégio dos Cardeais e, posteriormente, ao chefe da Diocese de Roma e ao público. Todo esse processo está detalhado no documento Universi Dominici Gregis, estabelecido por João Paulo II na década de 1990.
Um funeral mais simples e simbólico
O funeral papal, que por séculos seguiu um modelo tradicional, passou por uma importante reformulação em 2024 por decisão do papa Francisco. As novas normas, descritas no Ordo Exsequiarum Romani Pontificis, propõem uma cerimônia mais modesta, com foco na imagem do papa como “pastor e discípulo de Cristo”, e não como figura de poder.
Antes, o corpo era colocado em três caixões (de cipreste, chumbo e carvalho). Agora, são usados apenas dois: um externo de madeira comum e outro interno de zinco. Essa mudança reflete o estilo mais simples e pastoral que caracterizou o pontificado de Francisco.
Com informações da CNN Brasil.